Orientações da Aliança Distrofia Brasil para a Vacinação contra Covid 19 para as pessoas com doenças neuromusculares.
Dra. Ana Lúcia Langer - Responsável técnica pela Aliança Distrofia Brasil
Estamos diante de uma nova doença, a Covid-19, grave e potencialmente fatal. Presenciamos um momento histórico da criação de vacinas que possam deter a grande mortandade que assola o planeta, ou seja, um grande número de vacinas foram desenvolvidas desde o início da pandemia, há 12 meses.
Os estudos foram feitos em tempo recorde, não contemplaram a faixa etária pediátrica e não temos muitas certezas no tocante a peculiaridades de forma geral.
De acordo com o New York Times Coronavírus Vaccine Tracker, 63 vacinas estão atualmente em fase clínica com ensaios em humanos e, até esta data, 18 alcançaram os estágios finais de teste (ensaios de fase 3).
As vacinas líderes atuais oferecem diferentes modos de ação:
• vacinas baseadas em mRNA (Moderna e Pfizer / BioNTech) promovendo um sistema imunológico de resposta contra proteínas da espícula do vírus
• Vacinas baseadas em adenovírus (CanSino, Gamaleya, Johnson & Johnson, OxfordAstraZeneca) que aumentam a resposta imunológica contra o coronavírus por via genética. (adenovírus modificados)
• Vacinas baseadas em proteínas (Vector, Novavax, outras) baseadas em imunidade desencadeada por resposta contra várias proteínas contidas no Coronavírus
• Vacinas baseadas em vírus inativado (Sinopharm-Beijing, Sinopharm-Wuhan, Sinovac) - com base na resposta ao Coronavírus inativado.
Duas vacinas de mRNA desenvolvidas pela BioNTech / Pfizer e pela Moderna tiveram concedidas aprovação de emergência pelo FDA, autoridades regulatórias canadenses e britânicas. A agência regulatória europeia (EMA) aprovou a vacina BioNTech / Pfizer em pessoas com 16 anos ou mais.
Os programas de vacinação estão atualmente em preparação ou nos estágios iniciais. Outras vacinas ganharam aprovação em países (ou seja, as vacinas Sinopharm nos Emirados Árabes Unidos e no Bahrein) ou em certas populações.
Diante das pesquisas que visam desenvolver um imunizante para a Covid-19, surge a discussão a respeito de como é calculada a eficácia das vacinas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a eficácia de uma vacina é a sua capacidade de prevenir a patologia para a qual é direcionada. De forma geral, para ser aprovada, uma vacina deve ter uma eficácia mínima de 70%. Isso significa que, de cada dez pessoas vacinadas, sete estão protegidas.
Felizmente, as fabricantes vêm apresentando, em seus estudos, valores de eficácia mais promissores que o mínimo exigido. Segundo as informações recentes, as principais vacinas em potencial apresentam as seguintes taxas de eficácia:
● Pfizer e BioNTech: de acordo com dados publicados no New England Journal of Medicine, a vacina apresenta 95% de eficácia.
● Oxford e AstraZeneca: segundo o estudo publicado na revista científica The Lancet, a vacina apresenta eficácia média de 70%.
● CoronaVac: de acordo com o Instituto Butantan, a eficácia da vacina é de 78%. Testes mostram que nenhum vacinado teve sintomas graves ou morreu.
Se a vacina fosse 100% eficaz, seria necessário imunizar 50% da população. Entretanto, é importante ressaltar que nenhuma vacina é totalmente eficaz e tampouco totalmente segura. Apesar disso, a Anvisa ainda ressalta que “complicações graves após o uso das vacinas são raras e seus riscos são muito menores do que os riscos das doenças contra as quais elas protegem”. Tais efeitos colaterais foram toleráveis: dor local, febre, calafrios e dores musculares ao longo de dias.
Este documento da Aliança Distrofia Brasil tem como objetivo responder a perguntas em relação às vacinas recentemente desenvolvidas contra o Coronavírus SARS-CoV2, questionadas por pessoas com doenças neuromusculares.
As seguintes dúvidas são as mais frequentemente levantadas por pessoas com doenças neuromusculares e por seus cuidadores e médicos:
1. Sou elegível para ser vacinado quando uma ou mais vacinas forem aplicadas?
A distribuição de vacinas, na maioria dos países, segue um programa de vacinação em que esta é oferecida primeiro a grupos vulneráveis, que são, em essência, os idosos e os vulneráveis por terem graves condições de saúde subjacentes e, potencialmente, seus cuidadores. Grupos de profissionais, principalmente da área da saúde, pessoas confinadas (asilos, penitenciárias) também têm sido colocados em grupos prioritários.
Autoridade de saúde local, sites de departamentos, podem fornecer informações detalhadas e orientações sobre os processos de distribuição.
2. Estou em um grupo prioritário para vacinação?
A maioria das pessoas com doenças neuromusculares são consideradas no grupo "vulnerável" e observaram medidas estritas para evitar COVID-19 ao longo de 2020. Porém, as diretrizes e definições das autoridades nacionais de saúde variam de um país para outro.
Aconselhamos todas as pessoas com doenças neuromusculares a manterem contato com seus profissionais de saúde e esclarecerem seu status, a elegibilidade para vacinação de seus cuidadores, assim que um programa de vacinação estiver disponível em seu país.
3. Posso ser vacinado assim que uma vacina for aprovada ou corro o risco de desenvolver COVID-19 ou outros efeitos colaterais graves com a vacinação?
Não há risco de desenvolver COVID-19 a partir das vacinas atualmente aprovadas ou em estágios finais de desenvolvimento. Não temos conhecimento de nenhuma vacina com vírus vivo em desenvolvimento. Efeitos colaterais nos estudos foram leves, transitórios e superados pelos benefícios. Não há indicação de que pacientes neuromusculares devam ser diferentes a esse respeito.
Para certas vacinas, no que diz respeito a tratamentos neuromusculares específicos, particularmente em ensaios clínicos, pode haver restrições sobre quando a vacinação deve ser realizada e incertezas quanto à interação entre a vacinação e o tratamento neuromuscular.
Pessoas com doenças neuromusculares em tais tratamentos devem entrar em contato com seu especialista neuromuscular ou centro neuromuscular, que pode contactar a empresa farmacêutica que fornece o tratamento.
4. Minha condição neuromuscular afetará a maneira como a vacina funciona?
Os mecanismos de ação das vacinas aprovadas até o momento não sugerem que os distúrbios neuromusculares aumentem o risco de efeitos colaterais. Mesmo as doenças que envolvam o sistema imunológico não afetam a forma como a vacina funciona. No entanto, os estudos foram realizados em pessoas saudáveis de 12 a 85 anos. Nenhuma tinha doença neuromuscular, tanto quanto sabemos, e, portanto, não há evidências sobre efeitos específicos em pessoas com doenças neuromusculares ou efeitos da condição neuromuscular na vacinação.
5. Tomo medicamentos que afetam o sistema imunológico (medicamentos imunossupressores, corticoides). Posso ser vacinado?
Sim. Não há risco de infecção pelas vacinas que foram aprovadas ou estão em desenvolvimento até agora. No entanto, ainda não sabemos se a imunossupressão potencialmente diminui a eficácia da vacinação, então, após a vacinação, precauções como uso de máscara, lavagem de mãos, distanciamento social ainda serão necessárias.
6. Quais são as incógnitas importantes no momento?
Onde o sistema imunológico está envolvido, seja através da própria doença neuromuscular ou através de seu tratamento, há incerteza se a vacina será tão eficaz quanto nos estudos. Isso não significa que a vacina possa não ser boa, mas significa que cuidado e medidas para evitar a infecção deverão persistir.
A gama completa de efeitos colaterais, incluindo os mais raros, só será conhecida no curso posterior do programa de vacinação. Até agora, no entanto, não houve indicação de qualquer evidência para apoiar uma posição rejeitando a vacinação.
Finalmente, não há evidências suficientes para aconselhar se uma determinada vacina é preferível a outras.
Bibliografia
https://academiamedica.com.br/blog/medida-da-eficacia-das-vacinas-e-o-caso-da-covid?utm_campaign=5ff5fc67baed9172a8882e2e&utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_content=article1-5fe393c306264553de722838. Acesso em 06/01/2021
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https://www.who.int/publications/m/item/draft-landscape-of-covid-19-candidate-vaccines . Acesso em 06/01/2021
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https://myasthenia.org/MG-Community/COVID-19-Resource-Center. Acesso em 06/01/2021
https://www.nytimes.com/interactive/2020/science/coronavirus-vaccine-tracker.html. Acesso em 06/01/2021
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https://www.sarepta.com/sites/sarepta-corporate/files/2020- 12/Community%20Bulletin_COVID19.pdf . Acesso em 06/01/2021
https://www.ema.europa.eu/en/news/ema-recommends-first-covid-19-vaccine-authorisation-eu. Acesso em 06/01/2021
https://www.ema.europa.eu/en/news/update-assessment-marketing-authorisation-applicationmodernas-mrna-1273-covid-19-vaccine. Acesso em 06/01/2021
Descrição de imagem #PraTodosVerem #pracegover
Início da descrição: Card com uma imagem de uma pessoa segurando um cartaz com fundo branco e texto na cor preta "Covid 19". A frente as màos de uma pessoa com luva azul segurando uma seringa e um frasco de vacina.verde e desenhos que lembram fogos de artifício na cor amarelo escuro. No rodapé do card do lado direito logo da Aliança Distrofia Brasil toda em branco composta pelas inicias ADB em caixa alta e o desenho de dois pés. Fim da descrição.
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